Mônaco é o palco mais importante e tradicional da Fórmula 1. Não por acaso, o recordista de vitórias neste circuito é Ayrton Senna, considerado o melhor piloto de todos os tempos pelos próprios colegas de pista, como nossa reportagem pôde verificar no GP disputado no circuito de Monte Carlo neste ano.

A maestria de Senna inclui uma brilhante estreia com um time modesto, a Toleman, em 1984, com o segundo lugar conquistado sob chuva – corrida que poderia até render uma vitória, não fosse a interrupção prematura imposta pela direção de prova. Além disso, as vitórias em 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993 criaram um recorde até hoje imbatível na F1.

Este desempenho em Mônaco faz com que até mesmo a geração atual de pilotos, que nem era nascida quando Senna corria na categoria, admire o brasileiro até hoje. É o caso, por exemplo, do vencedor do ano passado, Charles Leclerc. Perguntado sobre como este fascinante desempenho do brasileiro nas ruas de Monte Carlo fez sua admiração por Senna ser tão especial, o piloto da Ferrari respondeu.

“Com certeza. Ele foi uma grande inspiração. Acho que tudo o que ele conquistou – especialmente em Mônaco – teve uma grande influência sobre mim. Meu pai testemunhou e viu o Ayrton nas ruas de Mônaco, correndo aqui. Toda vez que havia um GP, meu pai me explicava como era impressionante, especialmente na chuva. Acho que faz parte da magia do Ayrton, e Mônaco é definitivamente uma das voltas mais especiais que ele já fez.”, disse Charles Leclerc, que em 2023 visitou a sede de Senna Brands e do Instituto Ayrton Senna em São Paulo, contando a Viviane Senna e Lalalli Senna sobre sua admiração ao piloto.

As homenagens a Senna em 2025 também serão um destaque no GP de Mônaco de 2025. Isack Hadjar destacou a idolatria ao brasileiro – inclusive o francês presta um belo tributo ao brasileiro com um capacete especial dedicado ao tricampeão brasileiro.

“Pensei em fazer este desenho especial no Brasil, mas acho que fazer aqui talvez faça ainda mais sentido. Porque tem um rei em Monte Carlo, e esse rei é o Ayrton. Quando criança, eu assistia a muitos vídeos no YouTube – vendo-o basicamente destruindo todo mundo por aqui. Eu pensei: bom, se eu vou ser um piloto de Fórmula 1 e vou correr aqui, quero prestar uma homenagem a ele. Você pode ver as estatísticas no meu capacete – suas voltas na pole, quantas vezes ele venceu, em quais anos. Acho que foi uma boa ideia”, completou.

Outro piloto francês também falou sobre Senna nesta quinta-feira em Mônaco: Pierre Gasly, da Alpine, que também já prestou diversos tributos ao brasileiro, incluindo pinturas especiais de capacete.

“As filmagens que vocês podem ver na internet, com algumas das voltas que o Ayrton deu em Mônaco, e os documentários, aquelas corridas aqui neste circuito, especialmente no molhado contra o Alain Prost… Sendo francês, sempre que você ouve falar do Prost, você ouve falar do Senna. Os dois são meus ídolos desde criança. Acho que havia uma conexão especial – o jeito como ele costumava dizer o que sentia ao volante pelas ruas daqui. Isso foi um grande motivo pelo qual eu o admirava desde criança”, comentou Gasly.

Brasileiros na pista em Mônaco

Os dois brasileiros na pista também prestam tributo a Senna. Na Fórmula 3, Rafael Câmara correrá com um desenho especial em sua primeira vez no tradicional circuito de rua de Monte Carlo. “É o meu grande ídolo e uma honra correr com estas cores homenageando o maior de todos”, disse o líder do campeonato da F3 e piloto da Ferrari Driver Academy.

Já na F1, o Brasil volta a ser representado no grid do GP de Mônaco com Gabriel Bortoleto, que usa um capacete inspirado no desenho de Ayrton Senna que adotou como seu design oficial desde a homenagem prestada a partir do GP de Ímola na F2 no ano passado.

“É uma enorme felicidade poder carregar as cores do Brasil e do Ayrton em minhas corridas e representar meu País da mesma forma que ele fez ao longo de sua carreira. É um desenho que me trouxe muita sorte na temporada da F2 e que vai ser ainda mais especial em minha estreia em Mônaco”, diz Bortoleto.

Diversos tributos a Senna estão espalhados pelo circuito, como na sala de imprensa do circuito, nas propagandas espalhadas pela pista (como da Tag Heuer, sua patrocinadora nos tempos de McLaren e parceira da marca Senna), no hotel Fairmont (onde uma estátua de metal foi inaugurada com a presença do Princípe Albert I e de Viviane Senna em 2007, no aniversário de 20 anos da primeira vitória de Senna em Mônaco na F1).

Além do recorde imbatível de seis vitórias, Ayrton é até hoje o único brasileiro a vencer nesta pista na F1. E até mesmo uma batida, em 1988, quando liderava com mais de 50 segundos sobre Prost, se tornou um marco de sua lendária carreira. Era apenas seu quarto ano na F1 – mas depois daquele erro, Senna jamais perdeu uma corrida em Mônaco em toda sua vida, com cinco vitórias seguidas de 1989 a 1993.

Texto escrito por Rodrigo França, em Monte Carlo (Mônaco).