Andar pelas ruas de Monte Carlo é sinônimo de lembrar do Rei de Mônaco, Ayrton Senna, o piloto que mais venceu na história o GP de Fórmula 1 mais tradicional do Mundial, com triunfos em 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993.
Para quem visita o famoso circuito de rua durante o final de semana de GP de Mônaco ou mesmo em uma época sem corridas, o site oficial Ayrton Senna preparou um rápido guia com os principais pontos do circuito para relembrar as histórias do brasileiro no Principado.
Linha de chegada e largada
São dois pontos fundamentais em Mônaco onde Senna foi mestre: na largada, o ideal é sempre sair na pole position em um GP de F1, mas nas ruas de Monte Carlo, o circuito onde a ultrapassagem é a mais complicada, é ainda mais importante.
Mas a linha também serve para definir a “chegada”, e Mônaco também é sobre um desafio de resistência para pilotos e equipes – que podem se perder com erros ou falhas ao longo das 78 voltas – em 1993, por exemplo, as favoritas Williams e Benetton ficaram pelo caminho e Senna bateu o recorde de seis vitórias em Mônaco, sendo cinco seguidas.
Também é possível ver deste ponto o famoso pódio de Mônaco, onde Senna pisou pela primeira vez logo em sua estreia, em 1984 (seu primeiro pódio na F1, por sinal) e onde em 1987 ele “quebrou o protocolo” com sua vitória e deu banho de champanhe em todos os presentes no pódio, incluindo a família real.

Saint Devote
A primeira curva em Mônaco leva o nome da igreja localizada logo após a reta dos boxes. Neste ponto, Senna fez uma das melhores manobras de sua carreira ao ultrapassar por fora Niki Lauda e assumir o segundo lugar no GP de Mônaco de 1984, o ano de sua estreia na pista monegasca.
Com a modesta Toleman, Senna superou o grande nome da F1 e que viria a se tornar campeão naquele ano e, também, com a segunda posição, garantiu o melhor lugar conquistado por seu time em toda história. A vitória poderia vir caso a direção de prova não interrompesse a prova, beneficiando Alain Prost. Mas o francês acabou perdendo o título mundial daquele ano por apenas meio ponto – se ele fosse segundo colocado e o GP valesse pontos completos, Prost teria superado Lauda.

Casino
Em um circuito de curvas muito lentas, a famosa Curva do Casino de Monte Carlo é uma das mais desafiadoras, e também uma das mais técnicas, justamente onde a precisão de Senna fazia a diferença para conseguir uma volta voadora.
Suas onboards neste trecho, com muitas trocas rápidas de direção (curva para esquerda, depois uma rápida para direita) é admirada até hoje por pilotos, como Charles Leclerc, Pierre Gasly, Isack Hadjar e Gabriel Bortoleto destacaram no media day desta semana em Mônaco.
Outra história interessante, que Reginaldo Leme contou ao Senna TV, é que o piloto foi ao Casino pela primeira vez em 1984 em sua estreia e jogou no número 19 na roleta e venceu logo de cara, mostrando que seria seu final de semana de destaque em Mônaco. Uma cena importante do seriado “Senna”, na Netflix, inclusive é inspirada neste momento da primeira visita de Ayrton ao Principado.

Fairmont
A curva mais lenta do circuito é uma das mais procurada pelos fãs para fotos: a curva do Hotel Faimont (que era batizada como Loews na época de Senna). Há registros também de Senna andando de bicicleta neste trecho do circuito, em uma das mais famosas fotos de Senna nos bastidores de Mônaco.
Também nesta curva está uma estátua de Ayrton em homenagem ao recorde de Senna, em cerimônia feita em 2007 com a presença de Viviane Senna e o Príncipe Albert II, celebrando os 20 anos da primeira vitória do brasileiro em Mônaco. Em 2017, o hotel também preparou uma suíte especial decorada com itens originais de Senna, como capacetes e troféus, e foi visitada pelo diretor de Star Wars, George Lucas, um grande fã do piloto brasileiro.

Entrada do túnel
Embora seja lembrada por um erro no GP de 1988, a batida na entrada do túnel de Mônaco é considerada um ponto de grande ruptura na carreira de Ayrton Senna, segundo depoimento do próprio piloto. Ali, ele iniciou uma jornada espetacular de recuperação que rendeu o primeiro título mundial naquele ano, vencendo o seu companheiro de equipe e mais experiente na F1 e na própria McLaren, Alain Prost.
E também depois deste dia, Ayrton Senna nunca mais perdeu em toda sua vida uma corrida em Mônaco, emendando cinco vitórias seguidas, de 1989 a 1993. Uma curiosidade é que o brasileiro vivia na época em um apartamento localizado a duas quadras deste local – na mesma avenida – e acabou voltando a pé para casa dali mesmo.

Túnel
Mônaco é o único circuito da F1 que tem um trecho tão longo e em curva dentro de um túnel. Mas em Monte Carlo isso também traz a lembrança de uma experiência sensorial única na vida de Senna, quando, em 1988, ele se sentiu em outra dimensão e guiando como se estivesse dentro de um túnel por toda a volta, numa integração entre ele e o carro jamais sentida antes.
Não por acaso, esta incrível sinergia rendeu uma das mais assombrosas classificações de Senna, sendo mais de 1,4 segundo mais rápido que Prost – para se ter ideia, hoje esta é a diferença entre o primeiro e o vigésimo colocado no grid.
O episódio da corrida de 1988 insipirou um curta de animação da Lightfarm, lançado em 2024:
La Rascasse
O trecho final do circuito de Mônaco, desde a saída do túnel, até a última sequência de curvas, na La Rascasse, traz sempre a memória da grande batalha entre Ayrton Senna e Nigel Mansell pela vitória no GP de 1992.
A Williams tinha um carro muito superior, cerca de dois segundos mais rápido por volta, mas Mansell teve um contato no muro com seu carro e precisou trocar pneus. Assim, perdeu a liderança para Senna, mas com um equipamento superior e novos compostos, estava muito mais rápido que Senna e chegou pressionando de forma muito forte nas voltas finais. Nos anos 1990, os carros de F1 eram menores e Senna teve que usar cada centímetro de pista para segurar sua quinta vitória no Principado.

Confira um vídeo onboard do carro de Ayrton Senna no GP de Mônaco de 1993:
Texto escrito por Rodrigo França, de Monte Carlo (Mônaco).